sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rendição à Saudade

Rendo-me a saudade,
ao desespero único e incontrolável de me sentir só.
Rendo-me porque já não tenho mais forças,
rendo-me porque não anseio em viver só.
Me entrego de corpo e alma ao seu corpo quente,
na espera de que seu calor tenha em mim novo sentimento,
o do contente!
Do riso bobo e frouxo daquele que já não sabe mais o que sente,
da anestesia que se dá pelo encontro de muita espera.
Rendo-me e em ti deposito agora todas as minhas suplicas,
leve-me, leve-me junto daqueles que partiram,
que hoje são só lembranças,
que hoje é só saudade,
me entrego a morte, na esperança de que vire também lembrança
e possa viver eterno ao lado de quem hoje a mim é só saudade!









Um estudo sobre saudade e solidão que logo será cena!
aguardem!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

BetAMOR

Um homem cospe, uma mulher gorda passa com dois poodles gordos, um lindo casal de velhos passa. Tudo passa. O homem passa, sua marca molhada no asfalto ficou, mas seca, tudo seca. Quer saber como eu me sinto? Como se amasse um BETA.

Faça o seguinte teste e saberá como eu me sinto. Compre um Beta e um pequeno aquario, na compra do Beta, olhe e pegue o primeiro que você ver na frente, porque a gente não escolhe quem amar, agora coloque o nome da pessoa amada no lindo peixe vestido de seda e trasfira a ele todo o amor que sente na vida ao pequeno Beta. Pronto! Só de imaginar já da pra sentir! A primeira vista verá que ele é um peixe lindo e não será dificíl ama-lo. Você o alimenta, troca de água de vez em quando. Agora pense o que é amar e nunca toca-lo, pense no que é olhar o Beta nadando e não saber como é a textura de sua pele e para toca-lo teria que matar-lo sufocado. Se passasse 24h olhando aquele Beta, perceberia que ele não pisca, está o tempo td com os olhos vidrados em não se sabe o que! Nem mesmo sabe se de dentro do aquario é possivel ver-te de fora observando-o, talvez ele olhe seu reflexo achando que é outro, e fique o dia se enamorando e não tenha tempo para te olhar com calma, te perceber. Agora digamos hipotéticamente que você conseguisse entrar na mesma água que ele, só vocês dois, diga-me: O que faria com o Beta?
Ainda sim ele seria um Beta! São tão diferentes, são de mundos opostos, mas você o ama, e está disposto a se sufocar dentro do mesmo mundo submerso dele só para poder tocar o Beta, seu amor! Entende como me sinto?

Agora olhe para o aquario, tente dizer a ele tudo o que sente, ele permanecerá de olhos abertos e atentos, mas não manifestará o que sente. Em desespero tire o Beta do aquario, abrace-o apertado, chore e diga tudo o que pensa, diga que o ama, ele olhará a você e dará o ultimo suspiro e partirá.

O peixe passa a água seca, se o ama mesmo... não direi aqui para que o deixe no aquario sozinho, tire-o de lá, abrace-o, diga tudo o que sente, deixe-o sem ar, deixe que morra, é melhor morrer sem ar, do que viver submersso.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um sábado que não aconteceu...

Achei por um instante que minhas verdades fossem todas mentiras contadas a mim, por mim mesmo em um sábado de monotonia tamanha, pra não dizer gigante!

Dei nomes bestas a coisas sem sentido, coisas relativas.

Chamei de dentro qnd estava preso e chamei de fora quando estava solto na realidade de um mundo finito.

Chamei de concavo a minha aparência cabisbaixa, e convexo a minha complexidade avessa de um ego cheio demais.

Chamei de direita o que estava do lado fácil de pegar, e de esquerda o q manuseava com a habilidade de uma criança em fase de aprendizagem motora.

Chamei de fácil qnd podia mais, e dei nome de dificil qnd estava farto de tentar e já não podia mais nada além do fracasso.

Estava completamente errado, porque quando estava fora, na verdade estava perdido dentro de mim sem saber em que bússola olhar.

Quando estive concavo era na verdade o convexo ego de perder alguém e a vaidade de estar perdendo.

A direita nada e a esquerda nada, pra que lado se não há ninguém pra estar ali? O fato é q nunca sei onde é direita ou esquerda, isso é uma esperança de achar q vc esta do lado errado, ou seja, não do meu!

Era fácil ter dificuldades superáveis e que hoje se mostram irreversíveis.

Dei nome de amar a tudo aquilo que não sabia o que era, que não sabia o q sentia, q estava além de felicidade e contento, e de amado aquilo que hoje desejo ser.

Mas é só mais um sádabo de verdades criadas!

domingo, 6 de março de 2011

Me casei com o Amanhã

Não me obriguem a pôr gravata, amarre-a em meu peito feito torniquete, impedindo que saia de dentro de mim tudo que anseio. Reserve um tempo para conservar aquela velha pilha de contas em cima da geladeira, e se orgulhe em dar destaque para aquelas de maior valor, pendurando-as com imãs sorridentes.
Não são elas quem me dirão o que deverei usar nos pés. E por favor, não me obriguem a colocar roupas sociais. Chamam-se sociais, mas não representam a sociedade. Nem me incluem nela. Chame meu país de pobre, pois sim, os pobres são maioria. Pobres de espírito, sexualidade, cabeça, bunda, e por ultimo de dinheiro. E nessa sociedade ocorre exatamente isso, os ricos estão excluídos e ficaram a margem de nosso país. A margem do mapa de nosso território ladeada por água, mar e litoral. Estão todos lá excluídos, em local estratégico para que quando a coisa aperte, eles fujam em caravelas até os paises onde tudo corre perfeitamente bem; pobres são excluídos, não tem empregos e onde a arte não tem lugar nem valor nem vez. No caminho suas mulheres rasparão a cabeça evitando que peguem piolho. Mas dirão que é moda, e logo até a madona estará junto de Angelina Jolie apoiando essa cambada de gente pobre e desamparada!!!
Não me digam o que devo dizer! Tenho minha boca e você a sua. Então não queira usar a minha orelha pra dizer o que sua boca ornada por dentes de ouro não pode dizer. O ouro dá grandes interferências em microfones!
Pés no chão, pés descalços. De mãos dadas, mãos casadas. Adeus ontem, me casei com o amanhã, e para sua informação, isso nas minhas costas é uma mochila e não um fardo!
Orelhas juntas, abraço. Penas cruzadas, demora. Sobrancelhas erguidas e boca aberta, só me mostram o quanto você não me conhece.
Bem vindo ao meu mundo! Onde os fracos são muitos, onde os fortes... são poucos. Shiiiiiiiiuuuuuuu!!!! Isso deve ser segredo, pois ninguém percebeu ainda!!!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ad discendum

Sou poeta. Não sei o que isso quer dizer ao certo ainda, sei que posso escrever bem sobre meus sentimentos. Mas o que dizer daqueles que desconhecemos?
Bem ainda não achei o que pudesse dizer sobre aquele pequeno momento de minha vida inteira. Posso lhe narrar os fatos que presenciei não como espectador, mas como participante, narrando o que vi de dentro deste que vos escreve. Não posso te dizer ao certo o que acontecia lá dentro pois ainda desconheço.


Foi um beijo.


Fechamos os olhos para uma realidade dura de grandes problemas, nos escondemos atrás das pálpebras, e de lá observamos como voyers o que se passava dentro de nós. Era um beijo. Mas de despedida ou de boas vindas?
Não era um encontro com o outro, era um encontro consigo mesmo, onde contemplávamos pasmados a beleza de tudo o que fomos, de tudo o que nos construiu, de tudo o que havia no outro que aos poucos foi se tornando seu, se tornando meu. Era uma troca de tudo o que havia de bom, um espaço pra sermos o que havia de bom no outro. Foi curto. Poderia ter feito perder a conta das horas. Abrir os olhos e ver que nossos cabelos estavam enormes, unhas também, por que passamos meses nos beijando sem parar.

As vezes ando na rua e não posso deixar de ver que as casas lembram muito túmulos, estranhamente iguais a cemitérios, ruas com números, organizadas como bairros, em casas perpétuas ou alugadas por curtos anos sem significado. Não posso deixar de olhar e perceber que estamos em um cemitério de gente viva, enterrada em suas casas, em lápides de ladrilhos iguais as das casas, é assim que me vejo, enterrado. Mas naquele curto período me senti um visitante nesse cemitério de vivos, me senti vivo, fora das covas rasas ladeadas por muros baixos, me senti grande, expandi pra muito alem dali.

Era um encontro, o encontro de lagrimas por debaixo de óculos escuros, um encontro de águas. Escorreram e correram para mais longe que puderam um do outro. Não se entender assusta. Não entender ao outro também.

Não era um beijo, beijo é o encontro de lábios, aquilo era o encontro de almas bem vivas.


.brunocardoso

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Teologia do Poderio Sentimentalista

Ontem uma lágrima caiu ao gozar em um banheiro sujo de um bar, onde as únicas coisas limpas eram o meu suor e lagrimas. Chorei de felicidade. Não era apenas um gozo, era o sentido completo e feliz da minha vida. O gozo.
Sim infelizes e descartáveis mortais que não perceberam isso ainda, vim ao mundo para gozar dele, sinto se não o faz. Gozo este que não é o da carne vermelha, é o gozo que só a felicidade proporciona.
Sim eu sou a verdade. A minha verdade. E posso dizer que felicidade é o completo desconhecimento das razões da alma, é o que a torna bela, indomável e (contemplem) SELVAGEM...
Todos nós adoramos tigres, onças, guepardos, leopardos, justamente pelo fato de serem selvagens, só poderemos imaginar a textura de seu pelo, isso o deixa cada vez mais bonito, a distância exata para admirá-lo. Caso chegue mais perto verá a fera que se esconde e lá se vai o encanto causado pelo brilho do pelo, a profundidade dos olhos, o mistério e todo o resto.
Isso é felicidade, o não compreendimento completo, nossa eterna mania de que todas as perguntas devem serem respondidas, ou você é daqueles babacas que ainda acham que quando souberem de onde viemos e para onde vamos seremos felizes? Prefiro e prefira a dúvida, eterna e insólita em si mesma.
Por isso estive lá e gozei em um banheiro sujo de bar com aquele completo desconhecido pelo qual me apaixonei de olhar, não me dei ao luxo de pensar, ficar horas “mentando” o que significava aquilo que sentia, o que significava aquilo que vivia no dado momento, porque pra mim quem faz isso é domestico demais, olhou me nos olhos, levantei-me fui até onde ele estava o beijei como se quisesse sua alma para mim, fui fundo, o apertei contra a parede apreciei cada peça sendo retirada do contato com minha pele e me arrepiando pela sua respiração ofegante em direção ao meu suor.
Levantou minha saia, colocou de lado minha calcinha e l...e...n...t...a...m...e...n...t...e... me invadiu.
Não pensem que sou uma prostituta. Sou desconhecedora de minha alma e não quero a conhecer por completo. Essa é minha religião, onde meu deus habita, no estranho, claro e indescritível momento de felicidade. Não é sexo. É a liberdade de não se entender, de não ter como narrar o que ocorre. Da vida hoje dou risada e mostro-lhes os dentes, tristeza; três vezes ao dia, a devoro no café, almoço e jantar e sempre lhe digo: defina-me tristeza ou te devoro!
Sim eu falo sobre sentimentos! Esses que (des)conheço, estes que prefiro guardar distância para que eles não se domestiquem, distância para vê-los pastarem livres.

Minha religião é não me entender por completo
e meu deus é o mistério mais profundo de minha alma.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

¹/4 de Lata

Um pouquinho de reminiscências particulares...
com vcs ¹/4 de Lata.




Um garoto de carne, osso e sonhos. Um pai de carne, osso e desilusões.
Um dia real e palpável, quente como qualquer outro de verão.
A lata era companheira inseparável de seu pai, este que o garoto chamava para jogar futebol. Tinha o nome de Zacarias, não riam dele, é um bom nome segundo sua mãe. Nesta pequena história Zacarias não é um menino bobo e ingênuo, de 6 anos, nem pequeno e mirrado, não tem semblante de criança triste, nada disso, pelo contrario é bonito, cabelos bem cuidados de bom corte, forte, sadio, daqueles garotos sapecas que anseiam por saber o que se esconde abaixo do fino vestido das mulheres bonitas e de suas amigas de classe. Tudo o que todo garoto queria ser e ter, Zacarias tinha e era. Mas Zacarias tinha um desejo. Desejo este que ele jamais revelou a ninguém, era guardado abaixo da superfície de seus olhos arredondados e negros. Estava enterrado dentro dos seus olhos, junto com as imagens da realização de seus sonhos.
Todas as noites antes de dormir Zacarias rezava, com um fervor não pertencente a uma criança de sua idade.
- Nada mãe! - respondia ele a sua mãe sempre que ela perguntava por que ele rezava tanto.
Se deitava e dormia.
A mãe tentava conversar com o pai, pois já suspeitava sobre o que seriam os motivos das orações do filho, descontrolado e completamente bêbado gritava com sua mulher. Por varias vezes Zacarias acordava.

- Não!!! Maldita hora em que me casei com você! Mas de amanhã não passa eu vou dar parte de você na delegacia! Covarde!!!

- Saia da minha frente, sai do quarto, se quiser vai dormir lá em baixo na sala, mas hoje você não dorme na minha cama!!! - gritava o pai com uma voz balbuciada e a solavancos movidos a álcool.

No outro dia, sua mãe lhe levava a escola cedo, como sempre depois das brigas, ela o deixava um quarteirão antes do portão do colégio e ficava observando ele entrar na escola. Zacarias olhava para trás e via sua mãe acenando e sorrindo por entre olhos marcados por mãos pesadas e lagrimas. Zacarias tinha medo, muito medo que sua mãe não suportasse mais e fosse embora de casa deixando-o apenas com seu pai.
O garoto parecia se importar com o que havia acontecido durante alguns dias, mas logo se esquecia e encarava tudo como um incidente isolado, mas aquele era parte de uma linha enorme de produção aquecida e pronta para mais demanda, por isso todos se calaram sobre esses assuntos dentro de casa.
Zacarias como sempre via seu pai com a lata na mão, ele estava bêbado sempre, até que um dia ninguém mais se lembrou de como ele era antes de começar a beber e deram ele como sendo sempre assim, era sua personalidade, seu caráter, suas veias regadas de embreague continuo e interminável, proporcionado por latas e mais latas, que eram revendidas ao ferro velho e dado como mesada a Zacarias.

Zacarias tinha hora para falar com seu pai, assuntos de escola, viagens, amigos, tudo deveria ser falado a ele antes de começar a beber, caso Zacarias levantasse por descuido depois das nove da manhã, seu pai já estava na companhia da inseparável lata e já falando de um jeito diferente, um jeito que o deixava constrangido pelo próprio pai, não era vergonha dele, era vergonha que se sente pelo outro, vergonha alheia.

A noite chegava e de novo lá estava Zacarias ajoelhado ao lado da cama, sua mãe olhava-o sem que ele soubesse. Quando foi se deitar viu sua mãe, ele estendeu o braço sem dizer nada, ela se desencostou do batente da porta do quarto azul do filho e foi até ele, abraçou-o. Ele chegou com muito cuidado ao pé do ouvido da mãe, pregou seus olhos na porta, para avistar caso alguma sombra tomasse a luz do corredor e disse:

- Promete que não vai me abandonar nunca?

- Claro que não! Por que isso Zacarias?

- Shhhiiiiiii!!! - tentava calar sua boca para que seu pai não ouvisse o conteúdo da conversa.- Eu só queria saber isso. Boa noite. – virou-se e dormiu.

Sua mãe ficou meio abalada com a conversa e nem dormiu, passou a noite pensando por que seu filho dissera aquilo, pensou no futuro que estava construindo para seu filho, pensou em tudo e de cansaço pensou no divórcio, poderia ir para casa de sua mãe, onde o clima era mais ameno, mais saudável e mais propicio para criação de árvores como Zacarias, via seu filho como um grande eucalipto preso dentro de um vaso apertado posto em terra ruim e sem nutrientes para crescer o quanto deve. O relógio despertou, era manhã e mal sabia o que havia acontecido no quarto de Zacarias.

Na mesma noite, pouco depois que sua mãe abandonou o quarto meio desnorteada com a conversa do filho, o lençol de Zacarias caiu da cama, lançado ao chão por um vento forte que entrava pela janela branca de seu quarto azul. Ele tentou dormindo puxar o lençol mas sem sucesso acordou pois o vento lhe dava uma fria sensação em contato com seu suor, abriu os olhos, varreu o chão a procura de seu lençol, estava aos pés da cama, levantou. Se deparou com uma luz forte que não era a do corredor, tão maior em dimensão e força que seus olhos se apertaram, a luz diminuiu e sorrindo uma linda fada disse – desculpe-me, você estava dormindo, eu só estava a velar o seu sono!

O garoto em um rompante de alegria deu um pulo da cama fechou a porta e olhando para a fada perguntou:

- Veio para realizar o meu desejo?

A fada consentiu com a cabeça. Ele se ajoelhou aos pés da fada que ainda sorrindo lhe conferiu o que ele havia pedido.

Pela manhã sua mãe abriu a porta do quarto, foi até ele como de costume, sentou-se na beirada da cama, passou a mão em sua cabeça, estava gelada, como nunca, em pânico a mãe virou o corpo do garoto para que seus olhos pudessem ver, e tamanho foi seu desespero ao ver seu rosto refletido em seu filho, que estava diferente, o rosto de seu filho estava inteiramente metálico, puxou o lençol, e tudo era metálico, mas ainda sim era possível contemplar sua feição, a mesma. Ele abriu os olhos que piscavam em LED´s, disse “bom dia!” com uma grave voz também metálica.

Sua mãe chorou longe de sua face, para não enferrujar-la. Um choro triste de constatação.
Zacarias havia conseguido o que tanto queria, se tornar um garoto de lata.

Agora poderia desfrutar da companhia de seu pai como sempre sonhara.